Antes de mais nada, se você quer conhecer uma vila típica portuguesa, não deve deixar a cidade de Nazaré de fora da sua viagem pelo país. No começo de 2020, a conhecemos no nosso primeiro bate e volta de Lisboa, já que eu quis aproveitar o inverno para ver as ondas gigantes. Assim, compartilho aqui as nossas dicas sobre o que fazer em Nazaré, Portugal, e um pouco da história desse destino tão rico.
SOBRE NAZARÉ, PORTUGAL
Nazaré é uma cidade com cerca de 15 mil habitantes mundialmente famosa por conta das ondas gigantes. Além desse espetáculo, realmente impressionante, que a faz sediar campeonatos de surf, ela tem muito mais a oferecer.
Afinal, trata-se de uma pitoresca vila de pescadores, daquelas com casinhas brancas e forte cultura local e tradição.
Lá, você verá portuguesas trajando 7 saias, uma tradição local de origem difusa, que acredita-se estar ligada à vida marítima, seja às 7 ondas, seja à proteção do frio que sentiam as mulheres que esperavam os maridos pescadores. O fato é que, independente do como surgiu, ela faz parte do simbolismo da cidade.
Adicionalmente, sua história passa por um local de grande peregrinação, por conta de Nossa Senhora de Nazaré, que interliga a Nazaré da Galileia, com a de Portugal e com o Sírio de Nazaré no Brasil. Mas calma que eu já explico tudo.
COMO CHEGAR EM NAZARÉ
Chegamos em Nazaré de carro alugado, em uma que viagem levou menos de 2 horas. Visitar Nazaré desta maneira é um bom exemplo de como vale explorar Portugal de carro, visto a quantidade de cidades interessantes no interior do país, incluindo boa variedade de bate e volta de Lisboa.
Mas você também pode fazer o passeio de ônibus, por meio da Rede Expressos. Nesse sentido, vale checar os detalhes no site deles.
COMO SE LOCOMOVER EM NAZARÉ
De carro, é muito tranquilo chegar ao Sítio de Nazaré, a parte alta da vila, que concentra as suas principais atrações. Se tiver vindo de transporte público, para subir, você pode pegar um funicular na Praia da Nazaré, que também é conhecido como Elevador ou Ascensor da Nazaré.
O QUE FAZER EM NAZARÉ
SÍTIO DE NAZARÉ
É o bairro histórico e mais conhecido da vila. Nele, está a praça, onde fica a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré e, em frente, a Capela de Nossa Senhora de Nazaré ou Ermida da Memória e do lado dela, o Miradouro do Suberco. Ou seja, é tudo concentrado no mesmo espaço, o que facilita o passeio.
ERMIDA DA MEMÓRIA
Nesse local, existia uma gruta com uma imagem de Nossa Senhora, até então de origem desconhecida. Até que em 1182, reza a lenda que um nobre estava tentando caçar um veado e, por conta de um nevoeiro, acabou parando com seu cavalo à beira de um precipício, ao lado da tal gruta. Reconhecendo o local, ele rogou à Nossa Senhora que o salvasse da queda, tendo o cavalo fincado as patas na gruta e, assim, ele sobrevivido. Para agradecer o milagre, ele mandou construir uma capela no local, que é a Ermida da Memória. Aliás, dizem inclusive que há uma marca da ferradura do cavalo numa pedra próxima à capela.
No processo de construção, encontrou-se um pergaminho revelando a história da imagem, que seria venerada desde o surgimento do cristianismo em Nazaré (a da Galileia) e sido levada até Mérida, em Portugal, no século 5, onde também ganhou fama de miraculosa. Ficou lá até o século 8, quando um rei cristão e um monge, fugindo para o litoral, por conta de uma derrota contra os muçulmanos, a trouxeram para proteção. O monge acabou por virar um eremita e a colocou na gruta, onde ela permaneceu até o milagre que salvou o nobre, motivo pelo qual ganhou uma capela, para onde se transferiu.
SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA NAZARÉ
Por conta da grande peregrinação que passou a ocorrer na ermida, o rei D. Fernando mandou construir, no século 14, perto da capelinha, uma igreja para a qual se transferiu a imagem de Nossa Senhora. Ela passou a se chamar Nossa Senhora da Nazaré, devido à descoberta da sua origem, em Nazaré na Galileia, da qual falo acima. Tendo sido isso no surgimento do cristianismo, sabe-se que pode ser a mais antiga imagem venerada por cristãos.
Em Portugal, teve grande devoção das figuras do mar e, na época dos descobrimentos, até mesmo Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama a visitaram.
Aliás, ela tem muitas réplicas pelo mundo, como, por exemplo, a de Belém do Pará, que gera a festa do Sírio de Nazaré, que recebe 2 milhões de pessoas em um dia.
LARGO DE NOSSA SENHORA DA NAZARÉ
Em resumo, é a praça principal da cidade, onde se reúnem locais e turistas. Nela, fica a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré. Nos seus arredores, há lojinhas vendendo souvenir, mulheres locais (com as tais 7 saias) vendendo quitutes e opções de cafés e restaurantes.
MIRADOURO DO SUBERCO (VISTA DA PRAIA DA VILA)
É o mirante da cidade com uma vista linda para a Praia da Vila, com as casinhas brancas características de Nazaré.
FORTE DE SÃO MIGUEL ARCANJO E FAROL (VISTA DO MAR DO NORTE)
Em uns 15 minutos de caminhada desse centrão, chegamos ao Forte de São Miguel Arcanjo.
Ele foi construído visando a defesa da enseada de ataques piratas e sobreviveu à diversas invasões, ao longo de sua história.
Atualmente, ele também é muito visitado por ser o principal ponto de observação do Mar do Norte, famosos pelas ondas gigantes. Nesse sentido, Nazaré tem forte projeção mundial devido ao recorde da maior onda já surfada e participa das principais competições mundiais.
Aliás, atualmente ali também funciona uma espécie de Museu das Ondas (Centro Interpretativo do Canhão da Nazaré), que explica a formação geológica do fenômeno na região e expõe pranchas de surfistas renomados.
ONDAS GIGANTES: QUANDO TEM E COMO SABER
Acompanhamos nesse site a previsão de ondas gigantes, que costumam ocorrer no fim do outono e sobretudo no inverno, e demos a sorte, não apenas de ver esse fenômeno, mas de estar rolando um campeonato de surf por lá. A cidade estava lotada, por sinal! Em outras palavras, foi realmente impressionante e inesquecível.
Em tempo: em dias de competições, o acesso ao forte estava restrito à imprensa, porém o público pode acompanhar tudo da sua lateral.
CARNAVAL DE NAZARÉ
Uma vez que estivemos na cidade às vésperas do Carnaval, vimos muitos cartazes anunciando a festa e descobrimos que Nazaré possui um dos carnavais mais tradicionais de Portugal. Só para ilustrar, ele recebe milhares de turistas e é muito aguardado pelos nazarenos. Infelizmente, acabamos não voltando para o Carnaval, mas ficou a vontade. Assim, a quem interessar, vale ver mais detalhes no blog do evento.
O QUE E ONDE COMER EM NAZARÉ
A gastronomia local é, como não poderia deixar de ser, ligada ao mar.
São sardinhas, peixes, frutos do mar e mariscos, sejam frescos ou secos, sendo esta uma modalidade típica de lá. Também há sardinhas doces (folhado coberto e recheado de creme de ovos), tamarés (bolos em forma de barco) e nazarenos.
Nossa escolha para almoço nesse bate e volta de Lisboa foi o Pangeia Restaurante, conhecido pelo polvo e pela vista para o mar. É um restaurante mais moderno, onde fomos muito bem atendidos, com ambiente aconchegante (tem uma varanda bonita, que sendo inverno, não estava aberta para as refeições). Realmente, o polvo estava divino. Ainda que não tenha sido tão barato, valeu pela experiência e comida.
Por outro lado, no centro da cidade, também há outras opções, mais tradicionais, como a Rosa dos Ventos ou a Tasquinha.
NAZARÉ E O QUE MAIS
Nazaré fica bem próxima à Alcobaça (12 km),cidade conhecida por um belo convento e por doces conventuais. Dessa maneira, é uma parada perfeita para fazer no mesmo dia, em bate e volta de Lisboa. Passamos lá na volta do passeio por Nazaré para provar essas iguarias.
Logo depois, fica a vila da Batalha (33 km)com o fantástico convento, que, dependendo da disposição, pode ser visitado junto.
Mais distante ficam a religiosa Fátima(53 km) e a medieval Óbidos (56 km). Bem como a templária Tomar (76 km).
Há quem faça tudo no mesmo dia, mas acho que fica muito corrido. Na minha opinião, tendo tempo, o ideal seria dividir essas cidades em alguns dias de passeio. Assim, vale ler sobre elas aqui no blog para se decidir.
Por fim, espero ter te inspirado a conhecer Nazaré, Portugal. Uma vez que, em resumo, a vila tem tradição do mar, das 7 saias, boa gastronomia, casinhas brancas, religiosidade e ondas gigantes. Ou seja, muita coisa bacana para um bate e volta de Lisboa, não é mesmo?
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